sábado, 11 de abril de 2009

Como anda a Educação..

A educação, como sempre, parte da família e se estabelece como base para o resto da vida do indivíduo. Selecionei este relato porque dá um panorama... Do correio do povo, dia 10/04/09 - Coluna do Juremir Machado da Silva
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"SACRIFÍCIOS ATUAIS

Eu jurei que ia parar com as cartas. Mas esta, recebida faz alguns dias, é inevitável: 'Olá! Meu nome é Simone Varoni, tenho 32 anos e leciono desde os 18 anos, quando ingressei no magistério após ser aprovada em concurso público. Eu gosto do que eu faço, sinto-me alegre em estar na escola e amo meus alunos como meus amigos. Mas o que eu penso em relação ao futuro desta profissão é bastante assustador e preocupante. Não pretendo me aposentar nesta profissão. Pretendo realizar concurso público e trabalhar em algo que me sustente dignamente, afinal, o amor não paga contas. O que entristece é que a sociedade sabe que ganhamos mal e nada é feito. Enquanto falta material nas escolas, espaço físico, tempo para o professor planejar, realizar projetos, tempo para fazer um trabalho livre com os alunos, tempo de criar, tempo para fazer uma educação de verdade, assistimos diariamente à roubalheira, a política de que todos têm direito a uma fatia da corrupção, da troca de favores, do jeitinho brasileiro e isso me decepciona mais e mais a cada dia'. Gostaram?
Querem mais? 'Enquanto isso, nas escolas, mendigamos para trabalhar: fazemos festinhas, rifas, risotos, sopas de mocotó, brechó, saímos no comércio esmolando doações para arrecadar fundos para as escolas, pagamos material para os alunos porque muitas famílias sequer sustentam o lápis, a folha de ofício, o xérox, o caderno. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo de nossos alunos e do nosso trabalho. Pensando bem, acho que somos verdadeiras idiotas. Somos pais, mães, médicas, psicólogas, amigas e ainda lutamos para ser profissionais de educação. Vestimos a capa de mulher-maravilha e arcamos com um peso que está nos estressando, adoentando, enlouquecendo... ainda corremos o risco de ser agredidas fisicamente, porque verbalmente e moralmente já somos vítimas de muito tempo. Eu me demiti do Estado do RS: professora com formação plena e pós-graduação: salário: R$ 533,00'.
Desfecho: 'Ainda para ajudar, não recebi por cinco dias de greve, onde o Estado descontou quatorze dias parados. Devem-me os dias da greve que na realidade nunca existiu porque greve recuperada, não é greve, é enganação. Devem-me os dias em que não estive em ‘greve’ e, para meu consolo, leio no jornal que um ilustre deputado gaúcho defendia que não devíamos receber os dias parados.
Ele justificava feliz que não Foi injustiça, foi cumprimento da constituição. Apenas isso, não foi injustiça, foi apenas o cumprimento da lei. E ele, dias após, recebia prêmio em solenidade de festa gaúcha. Demiti-me por decepção pura. Aquela decepção que dinheiro nenhum paga, consola ou apaga. Fico pensando se irão restar professores que ministrem aulas aos meus filhos, ou se eu serei professora deles, no recinto do lar, pois acredito que não mais existirão escolas'. Pensaram nisso?
Golpe final: 'Se a população quiser, ainda há tempo. Pagamos os políticos através da carta de crédito antecipada: voto. Eles podem passar quatro anos sem fazer nada porque já se garantiram onde estão. O correto é primeiro verificar o trabalho deles e depois votar nos que melhor trabalharam. Quem sabe aí se justificariam os votos nulos e os votos em branco no qual a sociedade protesta silenciosamente há anos. Continuo lecionando no município de Tupanciretã, concursada, quarenta horas, estudando e participando ativamente de outros concursos públicos fora da área educacional'. Fim da lição.

Mail do autor: juremir@correiodopovo.com.br

2 comentários:

  1. oi! minha carta fez sucesso, mas nossa realidade é triste. Amo o que faço, mas não o farei por muito tempo... Beijos

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  2. eu, igualmente.... adorei tua explanação.
    beijos...

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