domingo, 13 de setembro de 2009

Agricultura

Hoje, lendo o Correio do povo, se confirmou a constatação que eu já venho comentando, principalmente nas aulas. Nossa agricultura - vou me referir ao Brasil - está estabelecida de uma maneira não sustentável, totalmente vinculada ao mercado externo e a criação de gado (lê-se gado: vaquinhas - leitinho, boi - carne, óinc - carne e derivados, galetinhus - carne). Todo o gasto, com subsídios, empréstimos baratos, se destina ao mercado dos Grandes... que já é quem ganha muitoooo. Cada uma... mas essa não é nova.

Vamos ao Jornal mencionado:
Da coluna do Juremir Machado da Silva, Correio do povo - 12/09/09
" Li, por exemplo, que a agricultura familiar produz 30% da produção nacional em apenas 20% das terras. Uma declaração do ministro Guilherme Cassel me deixou tonto: "A agricultura familiar hoje responde por 70% daquilo que se consome no dia a dia". Os dados são do IBGE. (...) Fiquei ruminando: para que serve a produção do agronegócio patronal se é coisa que não se consome no dia a dia? O mundo do agronegócio é misterioso. Parece um romance policial. Os patrões devem R$ 130 bilhões para o Estado. Rolam a dívida. E ainda dizem que a dívida não é dívida. Alegam que a dívida foi inflacionada no governo Collor. Mas já houve renegociação em 2008. Só que os devedores, que tomam dinheiro emprestado a juros camaradas, ainda não estão contentes. Querem mais.
Quer dizer, querem pagar menos. Eu sou burro. Pensei que esse pessoal era contra ruptura de contratos. São liberais comunistas. O deputado Luís Carlos Heinze (PP) diz que "na hora de vender, o mercado dita o preço", mas o preço é mais baixo do que o custo de produção. Para ele, essa é a causa da dívida. Defende, então, subsídios governamentais. Ou seja, uma bolsa-fazendeiro. O governo já pratica uma política de preço mínimo que permite, literalmente, salvar a lavoura. Quer dizer, parte dela. O preço mínimo serve para tirar os produtores do barro quando o preço de mercado despenca por excesso de produção. Pelo que entendi, os liberais comunistas do agronegócio querem que o preço mínimo seja máximo.

Em outras palavras, querem produzir sem risco, sem perder seus latifúndios e à sombra do Estado generoso feito uma boa vaca leiteira. Se o preço de mercado é bom, eles vendem e ficam felizes. Se é ruim, o Estado deveria compensá-los com algo, digamos, como o preço de mercado. O problema é que li nos dados do IBGE (sempre o IBGE) que em alguns casos a agricultura familiar, em propriedades que encolheram de 78 para 63 hectares, chega a ser responsável por 60% da produção. Aqui: 89% do leite; 74% do milho; 58% do soja; 74% das aves; 71% dos suínos; 38% dos bovinos de corte; 97% do fumo. Ah, o fumo faz mal."

E mais: a agricultura familiar emprega 60% da mão de obra rural, participa com 27% da produção e conseguem apenas 10% dos financiamentos.

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